Por que eu utilizo Linux no meu dia a dia?

Motivos que me convenceram que ele seria a melhor opção para mim (e que podem te convercer também)

Walisson Silva30 de janeiro de 202212 minIniciante

Fala, pessoal! Nesse post, eu gostaria de comentar sobre alguns motivos que, ao longo dos anos, me convenceram de que utilizar algum sistema operacional baseado em Linux seria a melhor opção para mim, no meu dia a dia. O objetivo aqui não é falar mal do Windows, ou tentar convercer de que o Linux é a melhor opção para todas as pessoas, mas apresentar algumas vantagens que eu vejo no Linux, as quais podem, eventualmente, acabar chamando a sua atenção também.

Se você é novo nesse universo do Linux ou até deseja se aprofundar um pouco mais nessa tecnologia, gostaria de te convidar a refletir um pouco sobre esses meus motivos e deixar também sua opinião sobre esses pontos. Vamos nessa?

1. Mudança de paradigma

Tenho que admitir que o primeiro motivo que me levou a utilizar uma distribuição Linux pela primeira vez, quando um grande amigo me apresentou o Ubuntu no ano de 2011 (durante o meu ensino médio/técnico), foi a mudança de paradigma. Eu sempre achei bem chato o fato de todos os computadores, inclusive o notebook que eu tinha na época, rodarem o mesmo sistema: o Windows - na época, Windows XP ou Windows 7.

Embora o Windows funcionasse bem para as tarefas que eu realizava (às vezes, sofrendo um pouco mais do que eu desejava, haha), eu fiquei muito feliz ao saber que existia uma outra opção. Inclusive, essa outra opção que eu conheci, o Ubuntu, me chamou bastante a atenção, justamente por ser diferente. Eu ainda não podia saber se seria melhor ou não para a minha utilização diária, mas eu fiquei curioso para experimentá-lo.

Enquanto essa possibilidade de mudança de paradigma, para mim, se tornou um motivo para desejar experimentar o Ubuntu, eu percebo que, para outras pessoas, é um motivo para deixar de lado essa ideia. De um modo geral, as pessoas estão habituadas a utilizar o Windows, uma vez que ele é o sistema operacional mais popular e utilizar no mundo. Pensar na mudança pode acabar se tornando uma barreira.

No meu caso, por ter mais tempo disponível naquela época e por não realizar tantas tarefas que dependiam do Windows, experimentar "o novo" parecia bem atrativo, até porque isso me faria enxergar os sistemas operacionais de uma forma mais ampla e profunda, me permitindo conhecer melhor aquilo que eu estava utilizando para desenvolver minhas tarefas.

Em resumo, mudar de paradigma, romper com o que era mais comum, acabou sendo muito motivador para mim, e continua sendo algo que me impulsiona a descobrir sempre coisas novas e inovadoras na área da tecnologia.

2. Linux is Free (and freedom)

Outro motivo que facilitou minha adesão aos sistemas operacionais baseados em Linux foi o fato de ter a liberdade utilizá-los sem me preocupar com licenças, ou sem me sentir tentado a utilizar da pirataria. Temos que confessar que muitas pessoas acabam utilizando licenças piratas do Windows, ou mesmo crakeando outros programas para utilizar nesse sistema. O mundo Linux, por outro lado, me ajudou a enxergar com muita clareza a possibilidade de utilizar softwares gratuitos.

As empresas que desenvolvem essas distribuições têm outras formas de lucrar com tecnologias open-souce (de código aberto) ou free software (software livre). O conceito de software livre se opõe às diretrizes do software proprietário, mas não às do software que é vendido almejando lucro (software comercial), mas podemos falar mais sobre isso em um outro momento.

O fato é que você pode instalar qualquer distribuição Linux no seu desktop sem precisar pagar nada; e, mais do que isso: você pode instalar softwares gratuitos para realizar as tarefas que realizava com softwares pagos. Falando nisso, um dos pontos negativos que muitas pessoas veem é que "o Linux não roda o Word", por exemplo. Na verdade, ele até poderia rodar, se você utilizasse o Wine, já que a Microsoft não disponibilizou uma versão compatível com o Linux ainda. No entanto, a proposta do universo Linux é outra.

A ideia é te oferecer outras alternativas, que sejam gratuitas, e que te permitam realizar o seu trabalho de uma forma muito parecida sem ter que gastar nada. Nesse caso do Word, teríamos o LibreOffice Writer, por exemplo. Se você trabalha com o Photoshop, pode querer experimentar o GIMP. Se você utiliza o Illustrator, o Inkscape pode ser uma alternativa. Todos eles são softwares livres e open source.

Em resumo, essa filosofia do software livre e de código aberto me cativou e se tornou um dos principais pontos para que eu ingressasse no mundo Linux. Isso, sem dúvida, me dá uma sensação muito maior de liberdade, já que eu posso optar por diversas opções de software e até contribuir com o desenvolvimento deles.

3. Segurança

Já ouviu falar que você não precisa instalar antivírus nos sistemas baseados em Linux? É verdade! Uma preocupação a menos, hein? O kernel Linux é utilizado em vários sistemas operacionais, incluindo o Android, além de ser utilizado em sistemas bancários, servidores, máquinas de cartão de crédito, smartwatches, dentre outros. Por esse motivo, várias empresas patrocinam e contribuem com o seu desenvolvimento, afinal, é muito vantajoso utilizar uma tecnologia que todos sabem o que ela realmente faz, já que o código está disponível para todos.

Sendo assim, caso apareça alguma vulnerabilidade nessa base Linux, várias pessoas estarão observando e, assim que essa falha for detectada, ela será reparada o mais rápido possível, a fim de garantir a segurança de inúmeras e grandes empresas, espalhadas pelo mundo inteiro (consulte essa lista de empresas aqui).

O mesmo vale para os softwares de código aberto. Se você os utiliza, não precisa se preocupar, afinal, caso esse programa esteja obtendo informações suas sem sua autorização, outros desenvolvedores poderão identificar isso facilmente no código dessa aplicação. Além disso, a instalação de qualquer pacote/programa em um sistema Linux, exige que o usuário digite a sua senha, configurada no momento da instalação do sistema.

4. Performance

Algo que me chamou muita atenção quando eu mudei do Windows para o Linux foi a melhoria que eu senti no desempenho do sistema. Eu tinha sérios problemas com o Windows travando, alguns softwares que paravam de funcionar, e sistema que congelava em vários momentos; sem falar do tempo que ele levava para iniciar e, de fato, estar pronto para ser utilizado.

Até hoje, é possível observar que o Windows já inicia consumindo um memória RAM muito alta (cerca de 6 GB), enquanto uma distribuição Linux com uma interface mais pesada, vai iniciar consumindo pouco mais de 1 GB de RAM. O mesmo pode ser observado no uso da CPU.

Por falar nisso, várias pessoas que eu conheço tiveram seus notebooks "ressuscitados" depois de trocar o Windows por alguma distribuição Linux que é focada em hardwares um pouco mais fracos. Por falar nisso, quase acabei tocando no próximo ponto... Então, vamos avançar! 😁

5. Os diferentes "sabores" do Linux

No mundo Linux você vai se deparar com várias distribuições. As distribuições Linux são, de fato, sistemas operacionais que foram criados utilizando o kernel Linux. Cada distribuição Linux, portanto, possui a sua própria "cara", sua tecnologia de interface gráfica, seu desktop environment, seu gerenciador de pacotes (que te permite instalar programas no seu computador), dentre outras coisas.

O Tux, mascote do Linux, rodeado do logotipo de diversas distribuiçoes Linux: Arch Linux, Debian, Linux Mint, OpenSUSE, Fedora, Zorin OS, Manjaro, Ubuntu, dentre outras.

Além disso, diferentes "distros" (um apelido carinhoso para as distribuições Linux) podem demonstrar diferentes focos e, portanto, serem mais adequadas para determinados tipos de usuários. Por exemplo, algumas distros focam mais em estabilidade, como é o caso do Debian, por exemplo. Por outro lado, ele demora mais tempo para atualizar os softwares. Já outras, como o Manjaro, OpenSUSE ou KDE Neon, visam disponibilizar as versão mais recentes dos softwares e ambiente gráfico e, por isso, podem apresentar algumas pequenas instabilidades. Outras são focadas em desenvolvimento, jogos, dentre outras coisas.

Outro ponto importante a destacar é que, cada distro se utiliza de um ambiente gráfico. Diferentes ambientes gráficos vão nos levar a diferentes workflows, diferentes formas de utilizar o sistema. Ambientes gráficos com poucos recursos visuais (como animações) tendem a ser mais leves para a GPU e consomem menos memória RAM, como é o caso do XFCE; enquanto outras possuem mais recursos visuais, como o GNOME. Os principais ambientes gráficos são GNOME, KDE, XFCE, MATE, Deepin Desktop, Pantheon, Cinnamon e Budgie. Algumas distros disponibilizam versões com diferentes ambientes gráficos, como é o caso do Ubuntu.

6. Ótimo para programação

Quem trabalha com programação, como é o meu caso, sabe que necessário utilizar bastantes recursos de hardware para desenvolver algumas aplicações. Sendo assim, um sistema otimizado e com boa performance é essencial, o que já vimos que as distros Linux nos oferecem.

Porém, um outro ponto muito legal é que as distros Linux já vêm com vários recursos muito úteis para desenvolvedores, como o interpretador do Python, o compilador do C/C++, dentre outras ferramentas. Além disso, para instalar outras ferramentas, de um modo geral, você não precisa baixar um instalar na internet e fazer aquele processo para instalar; alguns comandos simples no terminal já vão instalar o que você precisa de uma forma muito simples. Por exemplo, para instalar o Git, basta abrir o terminal, digitar `sudo apt install git -y` e digitar sua senha. Pronto! Agora é só utilizar! 👨‍💻

Outro ponto importante é que a maioria dos servidores (mais de 95%) utilizam sistemas Linux, portanto, aprender os comandos Linux já vai ser um diferencial para você.

7. Bônus: Linux também roda jogos!

Não, eu não vou te dizer que o Linux roda jogos do mesmo jeito que o Windows, por que não é verdade. A maioria dos jogos ainda estão disponíveis apenas para a plataforma Windows. Porém, hoje em dia, já existem jogos bastante populares que rodam nativamente no Linux, como o CS GO, Dota 2, Team Fortress 2 e, recentemente, até o God of War.

E quanto aos jogos que só rodam no Windows? Bom, vocẽ pode utilizar ferramentas como o Lutris para rodar esses jogos no Linux também, o que já é possível. Além disso, pelo fato do Linux ser tão otimizado, muitas empresas já estão dedicando seus esforços para desenvolver jogos para Linux e isto deve se intensificar com a chegada do Steam Deck, desenvolvido pela Valve.